segunda-feira, 29 de julho de 2013

Revira(-)volta

Bradamos segundo a segundo essa mesma monotonia
não existem dúvidas.
O reino das perguntas fora jogado fora com toda a forra, a velha iluminação e o cenário de quinta que havia pelas avenidas.
O mundo volta ao convés.
E a sorte zomba, aos nossos pés.
Hahaha.
O caminho é longo
é você quem no fim, jaz.
O caminho é caminhar,
e quanto a isso, parece que entramos em acordo, mas não há ninguém em paz.

sábado, 20 de julho de 2013

Sábado

Em São Paulo não há céu mais bonito que este, nublado.
Bem aqui, não há amor tão lindo quanto o nosso.
No meu ventre, há um rio morno, pronto a tu’alma acolher
Em São Paulo não há hora melhor que esta, e não sei qual é.
Bem aqui, ah meu bem, já não posso mais sair.
Só preciso, meu amor, estar ao teu lado pra sorrir. 

Enquanto a noite cala
O sono vem,
O tempo embala.

Enquanto o metal assovia
O descaso tempera,
O assoalho sopra.

Enquanto a sombra mostra
O sol tampa,
O infinito abre e sorve.

Enquanto o amor existe,
O maestro grita em silêncio,
A sinfonia permuta.
E o público?
Ah, o público só escuta. 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Hipnose

o mundo está em crise.
o mundo continua uma guerra contra quem está disposto a viver.
A justiça faz  a maior injustiça já vista.
há justiça no âmbito judicial?

O mundo não está em crise.
O mundo não passa de um lar.
O mundo? ah, o mundo está acorrentado
Atordoado, sendo serenamente destroçado.

Dessa vez a população salta às ruas
De tanto ser apedrejada por estar em casa
Agora é vandalizada por tentar não ser vedada

Dessa vez a floresta foi esquecida
e a cidade esvanecida
-há palavras e bombas por toda a Avenida! -

façamos uma receita com vinagre e fogos de artifícios
Cortemos a bandeira de acordo com o degringolar do aplausível hino!
Paremos um instante e observemos o que há ali, logo adiante
-  Com muito carinho, uma criança sorrindo, há greve, estamos de férias! Viva, viva! -

Ei Ei, menino bom
Estamos progredindo,
arriscando pouco a pouco nosso infiel destino
Ore a Deus, a qual deles lhe convir e servir
não se importe tanto, as usinas foram produzidas,
foram deportadas da mídia, e continuam destruindo famílias.

Ei meu inteligente Governador,
caso queira ou não saber
Vamos tirar-lhe do poder
Porque somos o real comitê
Porque nos cansamos de perder.

Há uma mancha fétida na nossa geração.
Não se esqueça, somos frutos da antiga frustração.
Há uma esperança reprimida, espalhada pelos abismos da nação.
Há abraços e cultura, nas partes imundas, no lado esquerdo do chão.

Há uma revolta popular, tentando se libertar.

O mundo continua numa figura infinita.

O universo conspira, suspira, à deriva.

O amor fora embora, sem bagagem, sem glória.

Ainda assim,
o futuro está aqui
Disposto à nos perseguir.

Ei meu caro menino
Venha comigo, vamos fugir daqui?

quinta-feira, 6 de junho de 2013

(Quem me contou foram aqueles olhos cabisbaixos)

Existe um trilho onde o trem ainda desliza todas as manhãs
As manhãs nesse lugar se confundem com o pôr-do-sol
O trem apita ao longe
Como se quisesse que o mundo notasse a aurora desabrochar
Como se fizesse o tempo desconectar

Existe um túnel cortando as fronteiras
Um túnel gélido - conjunto de milhares de corpos -
Centenas de corações deixados, resquícios de outra guerra
Uma velha era, onde tudo era mar, onde havia um canto a se aconchegar.

Existe um trecho secreto no meio da Serra Da Mantiqueira
Uma passagem discreta, levando à alguma ilha aérea, submersa
Onde o ser humano ainda se contenta em ser humano
Onde o sangue palpita quando uma pele lentamente acaricia a outra.

Existe um trem, existe uma estrada, uma encruzilhada.
Existe um céu ensopado, anistiado, fatalmente amado.

Eia, Eia
Meu caro Senhor!
Avante, Ande!
Existe um tanque...
Distante, Constante!
Existe um rio que passa quatro vezes
Rumo ao mesmo horizonte...
Levante, Aí vem o comandante!

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Maio

O outono continua soprando aqui
forte demais, sombrio o suficiente
O outono, meu bem
Destaca minha triste tristeza
Meu eu sem rumo, na completa incerteza.


Os dias estão custando a passar
Tropeçando uns nos outros, nem os vejo acabar.
Os dias, embriagam-me
Num desespero insolúvel
Meu exagero é cáustico, meu eu suspenso em colapso.


As linhas da palma de minhas mãos
Cortam um mar policromático de destinos
Esses traços, percorrem minha pele
Desfazem e tricotam essa mania de estar sempre entre abismos.


Estamos vagando em tempos estranhos, noturnos
O tempo é uma alusão ao real, é instantâneo, irreal.
O agora ´persiste no outono, no ar, a me afagar
Estamos todos vagando, como folhas, fluindo, indo, caindo.

terça-feira, 23 de abril de 2013

É isso, por enquanto


Eu parei de escrever porque achei que ele tinha levado minha inspiração junto.
Eu tentei parar porque não sabia onde meu coração tinha se enfiado.
Eu não acreditei em  mais nem um pulsar por debaixo da pele.
Foi longa demais a demora em deixa-lo de vez.
Foi cômica a profundidade com que  deixei exposta  num olhar.
Eu vivi meio assim, sem diluir meus pesares, sem ter a noção de outro mundo.
Mas sabe como é, uma hora as imagens param de ecoar e ressoar por dentro
e o mundo fica mais nítido.
Uma hora o universo descongela e seu peito sente a magia do simples farfalhar do vento.
Chega um momento do seu dia, da sua terça-feira em que seu espírito se aquece e você sente
seu estômago rodopiar com um festival de calafrios.
Existe um ponto em que a gente se vê no pico de uma cordilheira e tem a certeza que sempre soube voar.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

I miss you

Os olhos do meu avô eram clarinhos
Eram pequenos e ternos
Conversávamos por horas a fio
Sentados naquela mesma pedra, contemplando
As nuances do céu, a calmaria do rio.

Os olhos do meu avô eram verdes
Eram calmos e concentrados
Aprendi com o decorrer dos invernos
à encontrar as lenhas certas para uma fogueira
à construir paredes, à amar a Gomeira.

Os olhos do meu avô eram acinzentados
Eram distantes e trágicos
E num dia, antes de partir
Falamos sobre as desventuras
O teor dos dias, o ato certo e imprevisto do florir.

Os olhos do meu avô eram completamente azuis
Eram um berço, eram infindos, sorriam
Hoje me pus à janela fitando o frio
- havia ali o traço de suas mãos, o rouco respirar -
Que certa vez me revelou,
Ser o silêncio  um vital e sorrateiro emplasto,
responsável por manter o amor de um jeito simples, intacto.

segunda-feira, 25 de março de 2013

À quem procura felicidade dia após dia?

Tudo vai se encaixando aos poucos
A vida é fria e queima dentro de mim.
Tudo se encaixa em relação ao nada.
A sensação é a mesma, continua estranha porém.

É o modo como tudo é dito
É o modo como nada é feito.
É o modo como os ponteiros param...
Tudo está entre o que passou e o que pode não vir.

Caro leitor, já sentiste alguma vez,
que podes ser uma mera ilusão o próprio ser?
Mas não temas o desespero,nem juntes glórias
Não vês, amigo leitor, que tanto faz, no fim das contas?

Tudo vai naturalmente se transformando
E o mundo tende ao desconcerto
E o público espera pelo momento certo
O público está esperando à um tempo incalculável.
 A esperança também destroi, mata.

Tudo vai se perdendo aos poucos
A vida é uma espécie de câncer
O existir é o pleno desassossego,
E mais belo que isso só a visão
de andorinhas dançando dentre o orvalho,
às 5:43 de uma quinta-feira.




segunda-feira, 18 de março de 2013

Lapso

Estou pronta para um novo amor
desses que vão me matar depois
Um amor de mãos dadas,
de almas entrelaçadas.

Estou pronta para amar um outro alguém
Que me deprima, me entorpeça
Amar de novo!
Com direito a risos, insônia, fogo!
Um outro alguém,
fruto dum erro, um destino bobo, ou fatal acaso
Alguém disposto a dançar uns bons passos.

Um alívio percorre minha pele
deve ser essa garoa fina, tênue
Essa lua azul, triste e minguante
Respiro agora, sem o álcool ajudar
Há tanta neblina aqui , há tanto ar
Eu consegui, por fim , flutuar!

Estou indo adiante,
Vou por aí, a todo instante
Como um jovem suicida,
Uma mulher meio indecisa,
Uma menina completamente esquecida.

( Estou pronta,
Deem graças,
Vejam só! )

Sou uma amadora
Um desastre peculiar
Avante ao sol poente,
Já estou à navegar!